HIPNOSE
O termo "hipnose" (grego hipnos = sono + latim osis = ação ou processo) deve o seu nome ao médico e pesquisador britânico James Braid (1795-1860), que o introduziu pois acreditou tratar-se de uma espécie de sono induzido. (Hipnos era também o nome do deus grego do sono). Quando tal equívoco foi reconhecido, o termo já estava consagrado, e permaneceu nos usos científico e popular.
Atualmente, a hipnose é reconhecida como um tipo de tratamento adequado para certos quadros psíquicos, e até mesmo como um método de valor para aumentar a resistência imunológica de pacientes, aumentando o nível de células brancas (leucócitos) responsáveis pela defesa do nosso organismo contra as doenças. Por esse motivo, tem sido muito utilizada na terapia da AIDS, pois parece ser o método que mais rapidamente altera a psicoimunologia dos pacientes (alteração do sistema imune através da psique).
A hipnose geralmente não é um tratamento em si. Os diferentes métodos terapêuticos usados podem ser realizados melhor e mais rapidamente com a sua ajuda. Uma de suas vantagens é reduzir o tempo de tratamento de um distúrbio mental.
A hipnose também é muito utilizada no tratamento de doenças psicossomáticas , sendo um dos métodos que obtém resultados mais breves e eficientes.
Uma grande vantagem na hipnose é que, ao contrário do que a ficção muitas vezes retrata, ela não tem poder para alterar os valores éticos e morais do cliente. É isenta de perigo, sendo totalmente segura quando controlada por profissional habilitado.
Hipnose é um estado mental (teorias de estado) ou um tipo de comportamento (teorias de não-estado) usualmente induzidos por um procedimento conhecido como indução hipnótica, o qual é geralmente composto de uma série de instruções preliminares e sugestões. O uso da hipnose com propósitos terapêuticos é conhecido como "hipnoterapia".
Contudo, talvez a definição mais objetiva possível de hipnose seria a seguinte: alguém comanda (o hipnotista) e alguém obedece (o hipnotizado), geralmente de modo extremo ou pouco comum.
A hipnose, em termos mais estritamente descritivos, é o procedimento de sugestões reiteradas e exaustivas, aplicadas geralmente com voz serena e monotônica em sujeitos que algumas vezes correspondem às mesmas, realizando-as, seja no plano psicológico ou comportamental. Estes sujeitos responsivos também costumam relatar alterações de percepção e consciência durante a indução hipnótica. E em alguns casos respondem de modo surpreendente ao que lhes é sugerido, o que pode incluir, por exemplo, anestesia, alucinações, comportamento bizarro e ataques convulsivos.
Cerca de 90% das pessoas é hipnotizável pelo menos em nível das necessidades de terapêutica médica; alguns podem não sê-lo para etapas mais profundas, como de pesquisa pura. Esses 90% têm graus diferentes de sensibilidade: todos eles podem ser colocados sob hipnose, mas isso depende do profissional, que tem que realizar um esforço maior ou menor em seu trabalho.
A hipnose tem muitas indicações específicas em Psicologia, Psiquiatria e Terapêutica Geral.
Tirar a dor é uma das suas indicações básicas. Na verdade, como não se pode mentir ao cliente sob hipnose, a sugestão não é a de que a dor deixou de existir, mas que ela se vai transformando progressivamente numa sensação tolerável de formigamento ou de calor.
O controle dos impulsos é outra excelente área de atuação para a hipnoterapia. Ela se revelou de grande valor para o tratamento de distúrbios das condutas dependentes do controle de impulsos, tais como:
- as alterações de comportamento alimentar (obesidade, anorexia e bulimia);
- os impulsos inibidos ou exacerbados da sexualidade e a correção de suas disfunções em todas as faixas etárias;
- o controle do impulso do jogo;
- as diferentes dependências químicas, do álcool ao "crack", passando pelo fumo.
A hipnose também tem valor quando usada para complementar outras formas de psicoterapia, tais como no tratamento dos medos fóbicos, no domínio sobre os instantes de desencadeamento da doença do pânico, no controle da ansiedade e dos componentes emocionais da depressão, no controle do impulso suicida e reativação dos valores da vida, e outros.
O único perigo da hipnose, de fato, é o seu mau uso: querer "navegar" por outras vidas, formar delírios e neles acreditar. Tornar a difícil vida de hoje em um inferno pior ou, no mínimo, ingenuamente mergulhar numa fantasia irreal, sem chance de retorno. Abrir para si mesmo, com a ajuda de um profissional aético, as portas da percepção de uma psicose de difícil controle.
As pessoas que são hipnotizadas costumam relatar alterações de consciência, anestesia, analgesia, obedecendo e realizando os atos mais variados e extremos sob este pretenso estado.
Toda hipnose é uma auto-hipnose, ou seja, é o próprio cliente que permite que a mesma aconteça e ele detém o controle todo o tempo que passa em transe. E não se pode obrigar o hipnotizado a fazer o que não quer ou o que fira seus princípios morais e mesmo revelar segredos de seu passado.
Terminologia utilizada:
HIPNOLOGIA - Estudo da natureza da Hipnose e investigação científica de seus fenômenos e repercussões.
HIPNOTERAPIA - Terapia feita através da Hipnose.
HIPNOTISTA - Profissional que pratica a Hipnose.
DEHIPNOTIZAR - Ato de retirar o paciente do transe hipnótico
Não se pode pensar no entanto que o seu uso seja completamente isento de riscos. Não é indicada indiscriminadamente para pacientes em surto psicótico, uma vez que esses pacientes já estão em “estado alterado” e não têm a concentração necessária; para mulheres grávidas, pois o transe da mãe pode confundir o bebê no útero; para pacientes cardíacos e hipertensos, pois as emoções fortes vividas durante o transe podem prejudicar mais que ajudar.
Esse notável recurso terapêutico tem sido erroneamente confundido com uma mágica capaz de produzir fenômenos que não se inscrevem no rol das coisas consideradas normais. Os fenômenos produzidos pela hipnose fazem parte do imenso potencial da mente humana para encontrar soluções e respostas para os mais diversos tipos de problemas do corpo e da mente. Soluções que nem sempre, por força das restrições culturais, acreditávamos possíveis